quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Na estrada


A cada curva fechada,
Dessa pista estreita,
A adrenalina sobe,
Minh’alma se deleita.
Cidadão Instigado toca “doido”,
Trilha sonora perfeita.

A luz do sol escaldante,
Castiga minha retina,
Mas mesmo assim vejo ao longe
Um velho coronel de batina,
Empalhado, vigiando o Juazeiro,
Cumprindo com a sua sina.

À esquerda paredes rochosas.
Adiante um brejo seco,
Onde um homem solitário,
Sob aquela “lua”, pisa no esterco .
Reflito melhor a cena,
Por um momento me perco.

Nem sempre estar sozinho,
Pode significar solidão.
Ele não tinha companhia,
Mas tinha uma direção.
Enquanto a direção de um carro.
Me guiava de volta à prisão.

 Começo a entender de liberdade,
Ao mudar o sentido da visão.
Com tanta opção na cidade,
Os urubus preferem o lixão.
Talvez nem tudo que falam na TV,
Seja, enfim, a única verdade.
Vai ver o “luxo” não é tudo.
No “lixo” também há felicidade.

O vento sacode os meus cabelos,
Me imagino aquela ave de rapina.
Voo, apesar do cinto que me prende.
Por um momento esqueço a rotina.
Mas sempre tem um cara chato,
Pedindo passagem, soando a buzina.
Enquanto Belchior me mostra que...
Sou só mais um rapaz da América latina.

Logo vem a multidão das ruas,
E seu típico trânsito irritante,
Um homem que anda apressado,
E esbarra numa gestante.
Indícios da cidade que me espera,
Dentro de poucos instantes.

Finalmente, estou de volta.
Minha mãe diz: “Graças a Deus “.
Me esperando já na porta,
Estão os que posso chamar de meus.
Respondo com um, mecânico, “amém”.
Mas no peito a vontade que brota,
É voltar à estrada...
Ir mais além,
Mudar a rota.


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