sábado, 23 de junho de 2012

Feijoada de Domingo








Vem chegando Serafim.
Nascido em família protestante,
Frequentador do candomblé,
Agora “catolaico” praticante.
Deixou a esposa em casa,
Ao invés dela, trouxe a amante.

Logo em seguida veio Patrícia,
Menina rica, filha de empresário.
Loira, linda E inteligente.
Resolveu sair do armário.
Foi expulsa de casa pelo pai.
Encontrou a felicidade ganhando um salário.

Depois dela apareceu Maick,
Sem ter um real no bolso.
De fome, quase teve um ataque.
Passou um mês inteiro,
Comendo carne de charque.
“Viva o luxo e morra o bucho”!
Agora só anda de Nike.






E quem deu as caras foi Neto,
A criatura mais tísica na face da Terra.
Como diz o ditado: “é magro de ruim”.
Deus que me perdoe, mas esse não vale o que o gato enterra.
Disse que tava com fastio,
Mas olha lá no prato o tamanho da serra.

Já Ronaldo, coitado.
Nem jogar bola mais pode...
Ficou gordo sem comer,
Por problema na tireoide.
Tá se roendo pra atacar,
Uma tora de carne de bode.

Mas eu paro e penso direito:
- É fato que Ronaldo tá obeso,
Mas e por que isso é defeito?
- O padrão de beleza da sociedade
Exige que ele perca peso.
- Ei, sociedade, reveja esse conceito!

E olha só que casal belo!
Ele, negro de origem africana,
Ela, albina de cabelo amarelo.
Os noivos Pedro e Carla Santana,
Dando um basta no preconceito,
Na firmeza desse elo.

Nessa manhã de domingo,
Em meio à cerveja gelada,
Assim que terminar o bingo,
A galera, junta e misturada,
Selará a união dos povos,
Com um prato de feijoada.

Viva a diferença!

Vidro Fumê



Com alguns quilos a menos
E outras rugas a mais,
Em meio à multidão,
Que anda apressada,
Correndo contra o tempo e...
Esbanjando egocentrismo,
Aí vou eu!

A única luz que brilha em minha frente,
É aquela que vem da tela do computador.
O mundo todo ao meu alcance,
Entre quatro paredes e uma porta FECHADA.

O silêncio que veio e fixou morada,
Ou que, apenas, retorna ao seu verdadeiro lar?
E a falta que faz um “oi, como vai?”,
Por mais retórica que a frase possa carregar.

O sorriso a cada dia mais raro
E as cores, que o olho “cego” não vê.
São retratos da indiferença que se esconde
Por trás da janela com vidro fumê.

domingo, 17 de junho de 2012

Estrada pra Sião


A caminhada se inicia,
Rumo a um lugar distante.
Na mente, a incerteza do sucesso
Só não é maior que a crença no invisível.

Seguir em frente, esse é o lema.
Bem mais do que um desejo...
Uma necessidade!
E quando forças não há mais,
A esperança assume o leme.

Carpe diem dá lugar ao tomorrow!

 A mesma história é recontada,
De geração em geração.
Nascer, crescer, SOFRER e partir...
Assim se alcança a salvação.

sábado, 16 de junho de 2012

Ratificando VERDADES ABSOLUTAS: "o que passou, passou".






Ao contemplar o céu,
Brincando de observar desenhos em nuvens,
Viajou, sem sair do lugar,
Por breves e preciosos segundos.

Lembranças boas vieram à mente.
As aventuras da adolescência,
Os flertes juvenis,
Até a tensão peculiar que o assolava
Antes dos jogos das Olimpíadas escolares,
Guardava com carinho na memória,
De um passado recente.

Nostalgia mesclada a desejos.
Voltar a viver como há alguns anos,
Retomar as saídas casuais com os amigos,
Gastar o tempo jogando futebol...

Se permitir voltar no tempo,
Passava a ser prioridade.

Acordou, assustado, do transe,
Ouvindo os gritos do seu patrão.
Os relatórios estavam atrasados.
O trabalho tinha que continuar.

A realidade se fez mais forte
Quanto atestou o seu preceito-mor:
Difícil não é voltar no tempo,
Mas sim o tempo querer voltar.