quarta-feira, 13 de junho de 2012

Da balança ao balanço





Último ano de ensino médio é sempre angustiante. Já não bastasse o fato de encarar o fim de uma etapa importante na vida e a eventual “separação” ou, no mínimo, distanciamento dos amigos construídos ao longo dos anos, há ainda a fatídica aproximação da universidade e consequentemente a escolha da profissão que se irá seguir a partir de então.
Era justamente essa a questão que impregnava a mente de Luís. Aos poucos o ano letivo ia chegando ao fim e com ele a proximidade das provas e/ou exames, cuja aprovação poderia lhe assegurar uma vaga no meio acadêmico, também se tornavam iminentes. Mas até aquele momento o jovem ainda não havia decidido em qual área desejaria atuar.
Em uma segunda-feira de céu nublado, Luís tomara um ônibus para ir até a escola, como costumava fazer rotineiramente, mas mal sabia ele que algo inusitado marcaria aquela ocasião. Sentado à janela do coletivo, o garoto recordou dos livros de Direito que pegara emprestado com um primo advogado, lembrou também que estes estavam na sua mochila e, logo em seguida, começou a folheá-los. Se aquela não era, de fato, a profissão que desejava, ao menos mostrava-se a opção mais viável naquele momento.
Mais a frente o ônibus foi obrigado a parar o seu percurso, por conta de um breve congestionamento. Diante do barulho das buzinas de carros e motos que ali ficaram impedidos de trafegar, Luís tirou, por um instante, a vista dos livros e lançou-a pela janela que estava a sua esquerda. A cena com a qual se deparou era, no mínimo, intrigante: um bar com cerca de oito homens em seu interior, todos sem camisa e fazendo muito barulho; Luís olhou as horas e ficou surpreso ao perceber que eram apenas 07:15 da manhã de uma segunda-feira, horário bem cedo na opinião dele, mas não o suficiente para impedir que todas aquelas criaturas já estivessem bêbadas e alheios ao mundo que os rodeava.
Alguns homens tentavam ficar de pé e seguir algum rumo, provavelmente indefinido, porém o máximo que conseguiam eram poucas cambaleadas, enquanto outros permaneciam sentados e se queimavam com as chamas dos próprios cigarros que teimavam em cair das bocas aromatizadas pela cachaça num retrato fiel da zoomorfização humana. Luís, com um pequeno sorriso estampado no rosto, voltara-se novamente para os livros, olhou-os atento e balançou a cabeça em um sinal de negação, guardando-os na sequência. Naquele momento, o garoto, finalmente, descobrira qual carreira iria seguir. Seria microempresário, em outras palavras: dono de bar!



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