sexta-feira, 8 de junho de 2012

O (re) início pelo meio


Aproveitar os raros momentos de folga era quase sagrado para Bebeto. No auge dos seus dezessete anos de idade, prestes a ingressar na vida acadêmica, ele ainda enxergava a vida com olhos de criança, mas a responsabilidade batia à sua porta. Em menos de um mês começariam as aulas na faculdade de medicina, para o orgulho dos seus pais, mas o próprio Bebeto não estava tão empolgado com a carreira que iria seguir, a qual estava praticamente fadado a escolher desde o berço já que a vida no consultório era uma tradição na família.
Com o início do curso as horas de ócio, que já eram raras, tornaram-se quase inexistentes. As noites viradas na companhia dos amigos em luais à beira-mar, regados por muita cerveja e Reggae Music, deram lugar às madrugadas de estudo árduo e tendo o café como bebida essencial. Se mantivesse o empenho, em um futuro breve, ou não, Bebeto seria um dos melhores médicos da área que almejava se especializar, a neurologia.
Passaram-se trinta anos e a profecia se concretizou: o agora Dr. Humberto Ribeiro era um dos homens mais conceituados da medicina no país, conseguira tudo aquilo que se pode julgar necessário para se considerar um vencedor: carros importados, cobertura em prédio luxuoso, mansão, esposa e filhos maravilhosos, amigos famosos e status social; A única coisa que o seu dinheiro não podia comprar era a vida da qual abdicou quando escolheu “viver para os outros”.
Três anos depois, sem mais anseios profissionais e já um homem de meia idade, Dr. Humberto resolveu se aposentar ainda jovem para a profissão de médico e não tarde o suficiente para recuperar o tempo perdido. Voltou, então, à cena o antigo Bebeto, agora um tanto quanto fora de forma, com cabelos grisalhos, mas seguindo os conselhos de um tal de Bob que há muito lhe dizia: “If you’re not livin’ good, travel wide”!

http://www.youtube.com/watch?v=hC_WG4nqgFE

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