Aproveitar os raros
momentos de folga era quase sagrado para Bebeto. No auge dos seus dezessete
anos de idade, prestes a ingressar na vida acadêmica, ele ainda enxergava a
vida com olhos de criança, mas a responsabilidade batia à sua porta. Em menos
de um mês começariam as aulas na faculdade de medicina, para o orgulho dos seus
pais, mas o próprio Bebeto não estava tão empolgado com a carreira que iria
seguir, a qual estava praticamente fadado a escolher desde o berço já que a
vida no consultório era uma tradição na família.
Com o início do curso as
horas de ócio, que já eram raras, tornaram-se quase inexistentes. As noites
viradas na companhia dos amigos em luais à beira-mar, regados por muita cerveja
e Reggae Music, deram lugar às
madrugadas de estudo árduo e tendo o café como bebida essencial. Se mantivesse
o empenho, em um futuro breve, ou não, Bebeto seria um dos melhores médicos da
área que almejava se especializar, a neurologia.
Passaram-se trinta anos e
a profecia se concretizou: o agora Dr. Humberto Ribeiro era um dos homens mais
conceituados da medicina no país, conseguira tudo aquilo que se pode julgar
necessário para se considerar um vencedor: carros importados, cobertura em
prédio luxuoso, mansão, esposa e filhos maravilhosos, amigos famosos e status
social; A única coisa que o seu dinheiro não podia comprar era a vida da qual
abdicou quando escolheu “viver para os outros”.
Três anos depois, sem
mais anseios profissionais e já um homem de meia idade, Dr. Humberto resolveu
se aposentar ainda jovem para a profissão de médico e não tarde o suficiente
para recuperar o tempo perdido. Voltou, então, à cena o antigo Bebeto, agora um
tanto quanto fora de forma, com cabelos grisalhos, mas seguindo os conselhos de
um tal de Bob que há muito lhe dizia: “If you’re not livin’ good, travel wide”!
http://www.youtube.com/watch?v=hC_WG4nqgFE
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