segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Nada é tão perfeito quanto o dom da tua imperfeição



Olhos que enchem d’água
Ao ler os versos de um poema.
Olhos, fechados,
Logo que vem a aurora,
Preenchidos pela remela
Que habita suas margens.

Orelhas que se acalmam
Ao som do canto de um passáro
São as mesmas orelhas
Que encharcam os cotonentes.
Quando retirada toda a cera,
Faz-se livre a “borboleta”.

E essas narinas abertas,
Receptivas ao cheiro de alecrim,
Também expurgam as impurezas
No espirro ou no catarro,
Que aos poucos escorre pelo rosto
Tendo a boca como destino.

A propósito,
Mas que boca!
Suave e sincera no tocar dos lábios,
Contrasta com o peso
Das palavras duras que profere
Em tom de descaso.

Por fim vêm as mãos.
Elas afagam, tranquilizam,
Mas quando enfurecidas
Marcam-me a face.
Disponham do outro lado
Na hora que quiser.


Pois, enfim, o menino sentido
Encontrou um sentido,
Em viver sentindo...
Em usar os sentidos.
 



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