As Olimpíadas da floresta estavam prestes a começar. Pela primeira vez
seria disputada a prova de maratona e essa era, sem dúvida, a modalidade mais
esperada por todos. Entre os principais favoritos estavam o macaco, conhecido
pela sua esperteza bem ao estilo “malandrão”, e o coelho, detentor de uma
velocidade invejável.
Dias antes da prova, os animais começaram a treinar para a corrida, cada
um a seu estilo. O macaco, confiante nas suas capacidades físicas, enfiou a
cara nos livros e começou a estudar técnicas de corrida que pudessem melhorar
seu desempenho, bem como as características da pista e tudo mais que pudesse
fazer diferença na hora decisiva, além de gastar várias horas conversando com o
sábio leão, que lhe dava várias dicas sobre o esporte. O coelho, por sua vez,
achou que seria melhor partir direto para prática e corria todos as tardes pelo
bosque, a princípio de forma intervalada, mas com o passar do tempo já estava
completamente adaptado e agora passava a marcar o tempo que, à propósito, diminuía
à cada treino, levava para completar todo o percurso.
Chegou o dia tão esperado, e ao contrário do que havia sido estipulado
anteriormente, a corrida não seria mais nos campos do sul, mas sim no outro
extremo da floresta: o norte. A mudança não assustou o macaco, que por ter
estudado bastante conhecia muito bem qualquer pista que escolhessem, e logo que
foi dada a largada ele disparou na frente dos demais concorrentes, seguido de
perto pelo coelho, confirmando assim o favoritismo que lhes foi concedido. Mas
bastaram 3 minutos de corrida intensa e o macaco começou a mostrar sinais de
cansaço, sentia um desconforto na região abdominal que logo lhe fez parar no
meio do caminho. Era a famosa pontada no flanco, mais conhecida como “dor
desviada”, sobre a qual o leão havia lhe falado, mas a qual ele não deu tanta
atenção. Melhor para o coelho, que sem o maior rival para ameaçar sua vitória,
assumiu a liderança da prova e seguia em ritmo acelerado rumo à medalha de
ouro, quando caiu repentinamente e começou a gritar de dor. O animal havia
pisado em um buraco que estava coberto por plantas e por não ter estudado o
percurso antes da corrida, não sabia da sua existência.
Enquanto isso, o elefante, o último na lista de apostas para ganhar a
competição por ser o mais pesado dos competidores, correu o tempo inteiro em
ritmo cadenciado como fez nos seus treinos, desviou de cada obstáculo
cuidadosamente lembrando do que havia lido nos livros, usou devidamente as
técnicas de respiração que aprendera com o leão e, no auge da sua humildade, ainda
parou na reta final da prova para socorrer o coelho, antes de seguir para o
pódio e receber a premiação.
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